Fabrício Carpinejar
Texto publicado no jornal Zero Hora, POA (RS), 2/11/2001
Aprendi a girar a maçaneta abrindo um livro. Aprendi a repartir os cabelos repassando seu miolo. Os trechos que sublinhava a lápis são as cartas que deixei para minha família. Eu lembro do que ainda persiste em me lembrar.
Precisava usar canivete para deslacrar as páginas. A obra não aberta denunciava a falta de leitura e me dava pena vê-la arrependida na poeira. Descerrava folha por folha, como quem descasca uma fruta. O sumo das letras escorrendo, rodas dos óculos descendo a toda. Não havia freios para a velocidade dos olhos. O livro imitava um ônibus; cessar uma leitura de forma abrupta era como saltar na parada errada. Até hoje não sei se a imaginação não é minha memória. Guardo a impressão de que na casa da infância não havia paredes, apenas prateleiras. Cada livro era um torcedor de pé na arquibancada. Um fanático esperando ser reparado. Torcendo para que nossa vida desse certo. Fazendo jogadas ensaiadas, pedindo substituições, escalando alegrias. Eu lembro do que ainda persiste em me lembrar.
Posso dizer que o primeiro bairro em que morei foi a Divina Comédia de Dante. As figuras de Doré pareciam leves perto daquele inferno. Sabia de cor os círculos e a hierarquia dos pecados. Quando me incomodavam, usava os preceitos dantescos para designar uma sentença. Botei tanta gente no inferno que me arrependo. O livro comovia pelo tato, alvoroço. Ã semelhança dos polígrafos, minha respiração ficou viciada no cheiro de papel novo. Quando descobri a Feira de Porto Alegre, não entendi. De um dia para outro, as barracas haviam aparecido. Aquilo surpreendeu minha solidão, como raízes que levantam de súbito a calçada. Escritores circulavam à paisana, o rosto vulnerável, disfarçando o orgulho de uma capa, contracapa e prefácio.
Eu me lembro do que ainda persiste em me lembrar. Conheço o ritual das janelas levantando devagar, as brochuras na mesa. Vivo diretamente o poema, sem intermediários.
Tecnologia e Leitura no Cotidiano
ResponderExcluirCom Cristovão Tezza e Daniel Piza
Data: 28 de setembro (terça-feira)
Local: Sesc Cascavel.
Horário: 19h30.
PARTICIPE!
V concurso literário Cidade de Maringá
ResponderExcluirPromoção: Academia de Letras de Maringá
Apoio: União Brasileira de Trovadores
Modalidades:
1. TROVA (lírica ou filosófica)
2. SONETO (decassílabo)
3. POEMA LIVRE (máximo 30 linhas)
4. CRÔNICA (máximo 30 linhas)
Tema (único) para todas as modalidades: CELEIRO
(Não há necessidade de usar a palavra “Celeiro”)
Prazo: 15 de outubro de 2010.
Endereço: Academia de Letras de Maringá
Caixa Postal 982 – MARINGÁ – PR / CEP: 87001-970
XVII Concurso Literário Internacional "Prêmio Cidade de Conselheiro Lafaiete"
ResponderExcluirMais informações:
http://simultaneidades.blogspot.com/2010/07/xvii-concurso-literario-internacional.html
Visitem este Blog.
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Local de encontro para vários artistas paranaenses. Levando a arte paranaense além das fronteiras do Estado.
Pessoal, olhem algumas fotos do nosso Halloween realizado no dia 27 de outubro na UDC Cascavel. Foi uma noite muito divertida, fomos em cada sala para desejar um "Happy Halloween!" e também divulgar esta comemoração que faz parte da cultura inglesa o que para nós, estudantes de Letras, é muito importante.
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